quinta-feira, 7 de agosto de 2008

"Recolhimento, Oração e Serviço do Senhor"


São esses os pilares da vida contemplativo-apostólica no "pequeno mosteiro da Reconciliação". Como o monaquismo no Oriente, o pequeno mosteiro não é uma condição à parte na vida da Igreja, sobretudo da Igreja particular de Limoeiro onde está inserido, mas é antes, um ponto de referência para todos, na medida dos dons oferecidos a cada um pelo Senhor. Daí que os aptos para o silêncio lá encontram terreno pelo ideal do recolhimento. Os dispostos ao apostolado lá, pelo serviço do Senhor, partilham do seu dom. No entanto recolhido ou em apostolado, o pequeno mosteiro cumpre sua missão: a oração. Quando não rezam os homens, rezam as plantas e os animais, cada um à sua maneira, de forma que o Onipotente e bom Senhor recebe continuamente honra, glória e louvor.Assim vemos vivo o ideal do Pai dos monges no Ocidente, São Bento: ora et labora."O mosteiro é um lugar profético no qual a criação se torna louvor de Deus, [...] ajudando a procurar a Deus." Tratando-se de uma experiência intimamente ligada à da família de Nazaré (pequena, oculta, fervorosa e disposta), o mosteiro da Reconciliação profetiza uma busca da santidade concretizada no afastamento do mundo, que vai muito além da dimensão territorial apenas. É um caminho natural para os que querem contemplar a Deus e sem máscaras ser contemplado por Ele. A primeira causa inclui o componente evangélico da busca de perfeição, uma nova espécie de martírio, tão difícil como o dos primeiros cristãos: deixar tudo. "À medida que se fortalece espiritualmente, aprofunda-se sempre mais no deserto" e pra isso a intimidade com a Palavra é indispensável. O pequeno mosteiro, como as antigas celas do deserto oriental, "rumina", "mastiga" a Sagrada Escritura nos 'mantras' fazendo com que a Palavra impregne todo o ser. Antes de qualquer coisa, pelo recolhimento, oração e serviço do Senhor, não se quer nada além de viver o Evangelho e se configurar ao Cristo, nosso Deus. No entanto, quem cresce na perfeição, vê crescer também a tribulação. "O monge, o retirado, o cristão é um atleta de Deus: Deus o purifica com tribulações." No deserto, Deus prova até liquefazer a alma e só assim se progride no seu conhecimento e quanto mais se conhece a Deus mais se conhece a si, uma vez que, nos dizeres de Santo Agostinho, Deus é mais íntimo de nós que nós mesmos.


Fontes: BESEN, Pe. José Artulino. "Pais e Mães do deserto", Mundo e missão, São Paulo. 2006.
AGOSTINHO, Santo. "Confissões", Paulus, São Paulo. 2005.

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que um convite para vistas é oportuno.

Anônimo disse...

Querido irmão.
Como podemos compartilhar desse silêncio, pobreza e solidão?
Abraço fraterno,
Antônio Guinho (81-9924.4553)